8.8.06
De branco lendo naquela mesa da frente, onde todos podem ver
Concentração e a mão sob o queixo daquela forma de sempre e sempre
E esta música ao fundo é calma
Aqueles signos que me levam a escrever e que penso que já escrevi
A tristeza habitual, a poesia habitual, o cansaço habitual,
O hábito de habituar-me sempre a ti
Os desencontros face a face
As bobagens ditas e esquecidas
As cartas lidas, compreendidas e não respondidas
Sempre um novo ponto em comum: jazz
E lá tudo parece paz
Todos podem ver naquela mesa de frente a poesia habitual
A concentração e os signos de sempre e sempre
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3.8.06
Acabei de voltar de um blog que já freqüentei muito há um tempo não muito distante e acho que foi uma perca de tempo. Bem, demora alguns segundos para ir lá e voltar e ainda assim saio de lá com a certeza de que certamente algo mudou e uma sensação de perca de tempo. Lembro que lá quase não se via ninguém. Era um silêncio e uma voz, uma voz triste e baixa como a palavra triste, que me preenchiam. A voz ainda está lá, pude vê-la. Mas também vi muita gente, gente demais, gente sem nome, gente trocando farpas. Sinto que me apaguei na hora certa, em tempo da multidão não me atropelar. Não suporto gente.
Interessante seria tentar fundamentar o meu medo de gente de forma objetiva tal como os que ainda tentam fundamentar objetivamente o gosto. Não tenho dúvida de que seria também uma grande perca de tempo já que no final não me serviria para nada já que convivo muito bem do meu medo de gente que dentre muitas coisas me faz passar ao largo da vulgaridade, não no sentido de ordinário mais no sentido de coisa baixa que ninguém merece engolir. Também seria perda de tempo já que tentar alcançar o objetivo mesmo intersubjetivo mesmo que a posteriori mesmo sendo das coisas mais complicadas de se separar em gavetas só servem para complicar ainda mais a minha cabeça complicativa que perde o seu tempo complicando só para se esquivar fugir esquecer do tédio habitual e que sempre acaba se achando quando a poeira abaixa o mais vulgar de todos os espíritos complicativos que são todos vulgares dentre os múltiplos graus e formas de vulgaridade depois do triunfo vulgar sobre um oponente vulgar igualmente complicativo que certamente tenta preencher sorrindo o seu tédio lendo e masturbando espíritos complicativos mortos papagaios medíocres e ver que nada muda e continuo além de tudo reduzindo tudo a uma discussão que não esgota nada como toda discussão assim como esta que não quero mais iniciar seguindo o caminho de outros que já parecem estar ao ponto de começar lá sobre o vulgar e a vulgaridade.
Engraçado, só ontem descobrir que a voz triste se valeu de Mallarmé para me dizer tudo o que eu precisava.
Por Deus!, juro que a entendi e até com ela sonhei.
Juro que foi a timidez que me matou.
26.7.06
25.7.06
9.7.06
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.
O mundo segue e eu novamente permaneço apenas eu, e nada muda.
Cito O Haver novamente. É o que mais escuto ultimamente, o que mais me puxa.
notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.
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Até o momento, só sentimento. Tudo vago, fora de ordem e com tanto sentido. Se mais vago, mais alto são as edificações simbólicas e mais per...
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Me And My Bass Guitar Victor Wooten My name is vic i'm gonna do a lil trick i'm gonna play my bass without usin a pick travel round ...