19.10.07

Tarde chuvosa


















Este cheiro de chuva é o mesmo que senti numa manhã fria. O café que passei também é o mesmo que me segura nesta pausa da leitura. São mais de 18 horas. Lá eram pouco mais que 8. Quanto sentido e como sinto o elementar.

16.10.07

III.

A surpresa causada por homens que defenderam o retorno aas palavras simples e próximas do chão, onde realmente estamos, e que basta apenas uma mudança na forma de entendê-las, entendê-las como realmente próximas, e que são o que queremos que sejam, antes de aprendermos a escondermos-nos atrás delas, antes de amprendemos a perguntar sobre todos os usos possiveis e não usarmos elas como dizemos numa mesa bar, com a mulher amada que nos vê pelas as palavras e nos ama sem fazer distinção entre você e as coisas ditas. Há apenas o osbcurecimento de uma tradição anterior a filosofia moderna, como expoentes um Montaigne, Bacon. A percepção e a inferência não criam só toda nossa novela cotidiana, todas nossas crenças, são pouco para qualquer forma de sonho, audácia, ímpeto, autenticidade, emancipação... Pergunto pela metáfora. Metáfora é o que Platão nos lega, o que toda poesia usa como suporte para criar mundos. Vislumbrar que a terra é redonda, que a felicidade é o horizonte de todos, que a tristeza é bela por tantos porquês. Todas surgiram antes de qualquer percepção. O que há em Platão são metáforas que instigaram por milênios, nada de argumentação rigorosa, sistemas, transcendentalismos. As latas de cerveja que esvazio neste momento prometeram-me metáforas descabíveis para serem pensadas por quem irá lê-las e por isso mesmo serão arrebatadoras para estes. Por que temem em ousar? Que correntes são estas em tuas asas? Beber só não é um problema quando não se quer esquecer e sim criar, criar mundos, metáforas que me sejam. Gostaria de companhia neste momento, uma que eu pudesse diante dela recitar algo de imediato, algo que seria certamente eu. Esta música que escuto agora é de uma cena de um filme em que uma jovem mulher diz a um homem, igualmente jovem: "Existe coisas que nos fogem, está além de nós..." Há um sorriso pequeno da moça, triste e irônico, ao fim da fala como um pedido de desculpas. Ele apenas a perguntou: "Por quê?" Que metáfora ele poderia dizer diante deste estado de coisas? Quem souber certamente permanecerá.

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.