21.12.11

Tudo sobre mim.

Sem um pingo de inspiração e o coração cheio de alegria, falarei de mim.
Hum?
Estou em casa, finalmente. Agora escuto Gymnopedie. E vou repeti-la até terminar esta postagem. Depois irei dormir em minha cama. Meus olhos se enchem - e ninguém nunca me verá assim. É muito pouco que preciso? Acho que não. Minha casa e Gymnopedie são grandiosidades. Sim, eu sou menor que tudo isso e menores ainda meus vícios.
Quero o sol da manhã livre das nuvens porque amanhã vou lavar minha cachorra. Ao meio dia vou fazer meu almoço. E de tarde, encontrar meus bons amigos no Maletta. De noite, voltar para casa e fazer o rango dos justos: arroz, ovo, torresmo, linguiça, feijão e farinha. Depois minha cama. Minha saudade eterna de você - não há um dia sequer que não penso em ti. Depois meus sonhos.
Ai no outro dia, na quinta-feira, acordar, descer a escada, fazer o café amargo e esperar minha mãe acordar.
Isso nunca irá acabar. Jamais.

18.12.11

Motorcycle Diaries - Al otro lado del rio


Já devo ter postado antes.
Lembrei de Carine e a beleza dessa música associei a beleza dela.

Um coração que ama não faz mal. Eu devia ter entendido isso antes.

2.12.11

Vivência


A primeira vivência que chamei de amor foi justo aquela que não escolhi. Lembro-me do dia em que visitei um lar e, lá, ela estava. Ttudo antes mesmo de eu estar pronto para a vida. Ora, a vida era para ser construída ao seu lado. O mundo estava ainda por se fazer.
A segunda foi um ato da razão. Fiz minha escolha acreditando já saber distinguir o dia da noite, eu e outros, subsumir conceitos, e que o mundo, na verdade, me constrói junto com as minhas obras. Insistia em seguir meus juízos, pois tinham fundamentos palpáveis: as minhas lágrimas. Acreditava estar certo em perseguir a vida que escolhi, mesmo que a vida de minha escolhida já estivesse em progresso e nunca próxima de mim.
Hoje, creio estar em liberdade.
“Mas, estas a fugir e é somente isso o que faz. Isso é liberdade?”
Mas consigo novamente escutar Debussy, belo como se pertencesse somente a mim e antes de tudo.

20.11.11

De novo à minha maneira


O desejo de sofrimento alheio utiliza-se de meios mesquinhos, vulgares. E ainda há quem pense que poderia ser realizado de maneira mais nobre, de maneira profunda. Justificar-se-ia esta escolha somente se houvesse a intenção de infligir sofrimento como meio para algo superior. Não é o caso. Há apenas o gozo como um fim em si mesmo. E isso passa.

Encenado, forçado, desesperado, artificial, cômico, vulgar. Sim, é o só que vejo onde havia a admiração que a tudo inicia.

18.11.11

Poder, grana e um pouco de futebol

Sem moralismos, dinheiro e política, andam tão juntos que fica difícil delimitar o que é próprio de um e de outro no alcance de quaisquer fins. Quando focamos no tipo do cartola, o futebol torna-se lamentavelmente, aqui com moralismos, uma instituição a mais a ser considerada em nossas análises sobre o Brasil. Essa figura possui em suas mãos um recurso simbólico e financeiro impar, utilizado com maestria por alguns. Um texto do Juca Kfouri do dia 10 deste mês é de interesse na discussão.

Lamentável é a posição do Cruzeiro 
Diz o Cruzeiro que é “lamentável” que o Santos tenha decidido ir com os reservas para Fortaleza onde enfrentará o Ceará neste fim de semana. Tudo porque o Santos começa a poupar o que tem de melhor com vistas ao Mundial de Clubes no Japão. Ora, lamentável é o Cruzeiro estar na posição em que está, graças a um cartola que enriqueceu à custa do clube e que o abandonou depois que obteve imunidade senatorial num golpe articulado pelo ex-governador das Minas Gerais. Lamentável é o Cruzeiro ter ficado sem estádio para jogar em Belo Horizonte, graças à irresponsabilidade e incompetência de quem prometeu que o estádio da Independência ficaria pronto para substituir o Mineirão. Além do mais, como muitos já lembraram aqui, o Santos, porque enfrentaria em seguida o Peñarol pela Libertadores, jogou no primeiro turno, em Sete Lagoas, com seus reservas contra o Cruzeiro, que não reclamou, embora também não tenha vencido, só empatado, 1 a 1. O Santos tem de olhar para seus interesses e ponto final.

O Perrella é um cartola que com conseguiu não somente enriquecer, como adentrar no sistema político e rapidamente ir para o topo, ocupando uma cadeira do Senado. Bem, pode-se argumentar que o fato de ter conseguido montar um bom time durante gestões passadas o legitimaria a aceitar como prêmio um cargo político dos torcedores de seu time, mesmo que dúvidas sobre o legado, ou custos de longo prazo, que pode ter imposto ao time. O fato de feito isso nas costa do Cruzeiro é só detalhe aqui. Por exemplo, do outro lado há o Alexandre Kalil, cartola do Atlético Mineiro, que não me surpreenderia se qualquer dia aparece-se barganhando com sua imagem no mercado político como um político, precisamente como candidato a deputado federal. Como todo bom cartola, já deve negociar sua influência crescente sobre a torcida atleticana nos bastidores de um PSDB. O video abaixo é uma amostra do que digo e que Kalil e Perrera são farinha do mesmo saco - como também são um Andrés Sánchez e uma Patricia Amorim.


Observem que a coisa só cresce quando ampliamos os atores e instituições envolvidas: CBF, ANAF, o esfacelado clube dos 13, federações estaduais de futebol, os campeonatos estudais, nacionais e internacionais. Nesse vasto mercado, a fazendo de 60 milhões do Perella é mato. Os 420 milhões de impostos para o estádio do Corinthians, só não causam espanto maior que os quase 2 bilhões, até o momento, para as obras da copa. Não há como não voltarmos, quando se começa a pensar o futebol, para o dinheiro e o poder que garante sua concentração.

O futebol é algo que possui sua beleza e peso na formação moral brasileira - tem quem não goste, tem quem é indiferente, porém quem acompanha, gasta tempo e grana é a maioria. E isso não vai mudar tão cedo.

17.11.11

Preguiça e não sono.

Falemos a verdade. Se eu fosse um escritor não estaria num blog - já descarto o tal do poeta porque realmente não tenho saco para poesia. Mas quando sou, não dou a mínima para o blog. Não leio blogs porque sempre são bobagens pessoais sem nenhum sentido para mim, além de serem muitos bem pretensiosos. Sempre me interessei por opiniões sobre coisas que não coisinhas cotidianas. Convenhamos, quem realmente acha que sua vida pessoal é algo que deva atrair a atenção alheia imersa num mundo tão extraordinariamente surpreendente? Ok, esse mundo é um agregado dessas bilhões de pessoas insignificantes. Sim, mas o agregado em pouco se assemelha a essas vidas isoladamente. Opa, temos aqui uma grande sacada: quem puder descrever essa linha tênue entre nossas vidas sem muita graça com o todo fará literatura de verdade e ciência. Mas se ficar somente de um lado ou de outro, ou no meio, será outro delirante sem apelo a percepção ampla. Um pouco de objetividade é igualmente importante, não podemos compartilhar significados sem ficar apelando demais para que haja uma correspondência imediata entre nossas sutilezas e o entendimento do leitor. Mesmo que boa vontade e imaginação exista do outro lado, ambas fundamentais, a inteligência, que é o que da consistência na leitura, falta bastante. O nível no geral é bem baixo e não se pode esperar muito. A maior audiência sempre são de textos que se utilizam da ignorância de nossos leitores - e nem tô falando das asneiras do povo colorido e semianalfabeto da comunicação social. Estou falando de quem tem astucia de utilizá-la: sim, ela existe e pode ser canalizada. Não há sutilezas literárias e cotidianas que valorizam o texto e a inteligência do leitor nesse mundo. Por isso me mantenho firme em não desperdiçar com eles meu tempo mesmo gostando muito de ler.


Poderia esticar isso por muito mais linhas. Mas a preguiça é tanta que irei voltar para meu livro que lá para os quarenta conseguirei terminar.

8.11.11

Discussão sobre desigualdade e transferências

Uma argumentação mais técnica ajuda e muito situar a discussão.

Discussão sobre desigualdade e transferências

A incapacidade de algumas pessoas de mente mais conservadora em aceitar os benefícios associados a programas de redistribuição de renda irritam-me por vezes mais que as inconsistências de teoria econômica propaladas pelo pessoal mais à esquerda. Ser contra programas como o Bolsa Família, por exemplo, além de ser errado, cria espaço para ataques que respingam sobre a credibilidade de outros aspectos da teoria econômica mainstream.
Para redistribuir, é preciso taxar, e taxação gera distorções e afeta adversamente os incentivos a produzir, investir, etc. Mais redistribuição, portanto, levaria a menos crescimento potencial com base nesse raciocínio incompleto.
O ponto é que esse é apenas um lado dos programas de redistribuição, o lado do custo. Porém, tirar recursos de quem tem mais para dar a quem tem menos pode levar a aumento do produto da economia. Ao aliviar a restrição orçamentária dos mais destituídos, a transferência de renda pode facilitar investimentos em capital físico e humano que não apenas resultam em saída da zona de pobreza para parcela da sociedade, mas também em aumento da produtividade total da economia (pois sem as transferências tais investimentos nunca ocorreriam, levando a desperdícios sob a forma de capital físico e humano que jamais se constituiriam). Esse benefício, que pode ser muito grande em países extremamente desiguais como o Brasil, é quase sempre deixado de lado tanto pelos críticos como pelos defensores dos programas de transferência, que focam quase exclusivamente na questão da equidade.
Minha impressão a partir de conversas com pessoas de ideologia conservadora é que na sua opinião “quem se esforça consegue subir na vida, sem necessitar ajuda do governo”. E os conservadores sempre tem um bom exemplo no seu círculo mais próximo para “corroborar” essa equivocada teoria.
A associação entre esforço e sucesso econômico é seguramente positiva numa amostra ampla de indivíduos, mas daí para dizer que o segundo resulta invariavelmente do primeiro é um passo enorme demais. Quem nasce na pobreza apenas com muita dificuldade consegue dela se desvencilhar. Esses relatados casos de sucesso são, na verdade, as proverbiais exceções que corroboram a regra.
A pobreza gera uma armadilha de auto-perpetuação intergeracional. Primeiro porque o capital humano dos genitores afeta enormemente o capital humano dos filhos. Segundo porque os mercados de crédito são muito pouco acessíveis aos mais pobres, dado que esses não tem colateral para oferecer em troca de empréstimos (que serviriam para financiar educação, ou pequenos empreendimentos, por ex). Terceiro porque os mais pobres, ao contrário da elite, têm menos acesso a “conexões” (no bom e no mau sentido do termo) capazes de puxar-lhes para fora da armadilha em que nasceram.
Programas de transferências de renda condicionais ajudam a afrouxar as restrições que tornam a pobreza uma armadilha para quem nela nasce. Precisamos apoiá-los e aperfeiçoá-los, não execrá-los.

Carlos Eduardo Gonçalves. Professor da FEA/USP.

3.11.11

Topografia do tempo


Com o passar dos anos fica mais difícil manter na mente a sequência em que os acontecimentos se deram. As lembranças de minha vida – todos aqueles sons e imagens, quando as quero ou quando me visitam – adensam-se em um mesmo instante com o aumento da distância. A linha do tempo vai se entortando, girando em torno de muitos eixos, dando nós que não sei como desfazer com minha memória. A linha vai se expandido para os lados. Tudo se torna plano.

Os acontecimentos mais recentes se colocam por si em uma fila que me segue – se olho para trás, estão ali comportados, sorrindo para mim.

Os eixos são momentos de maior dramaticidade.

31.10.11

Selvageria contra Lula foi "ensinada" pela imprensa

Um professor e amigo certa vez em tom de brincadeira disse que um dos maus da nossa "tacanha" classe média é que de um lado não tem poder nem grana e de outro não possuem superioridade numérica para poderem determinar os rumos políticos por via eleitoral. A única saída que encontraram foi encarnar para si próprios uma auto-ilusão de que são formadores de opinião. Suas pequinesas ou mesquinhezas, ou melhor, o que lhe fazem pequenos, são a maior prova disso. Quem convive mais de perto com o universo da Universidade Pública Federal - que há 10 anos atrás estava para fechar as portas - sabe bem o peso dessa mediocridade toda. Sorte deste país que todos esses delírios à Ovomaltine possuem alcance bem limitado.

Esse o meu post número 400.

Reproduzo o título original da postagem.
Autor: 
 
Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.
A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.
O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara  Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.
Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.
Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que  não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.
Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/selvageria-contra-lula-foi-ensinada-pela-imprensa

25.10.11

Se, e não.

Se estamos distantes,
E se quer que eu lhe entenda,
Não sussurre.
Se quer atenção de quem se importa com o que diz,
E se sabemos disso,
Não dissimule.

Se me esforcei com voltasse a escrever,
E se voltou a fazer,
Não irei abandoná-la.
Se assim que quer,
E se é a única maneira de nos encontrarmos,
Não lutarei.

Se for para o resto de nossas vidas,
E se elas nunca se tocarem,
Não será em vão.

23.10.11

Só.

Sem inspiração alguma.
só o sossego de um domingo:
lanches periódicos, café de cantina, cachorros pulguentos e simpáticos e um breve alívio pela vitória de meu time.
só falta o tempero de minha mãe.

só, e isso também é sossego.

19.10.11

Qual sua opinião?

Sim. Não consigo nunca lhe entender bem, como sempre. Mas, pelo o que acaba de escrever, não está só.
E é certo para todos e para você também que aproveite a vida, onde esteja e com quem esteja.
Assim ela ganha em sentido para você, mesmo que perca sentido para mim.
Nunca iremos nos ver novamente e eu devia fazer o mesmo. Nem nunca iremos nos escrever realmente, cada qual chamando pelo o nome d'outro.
Ok.
[E] Um novo início não contradiz um início confuso - na nossa idade, as coisas não deveriam ser vistas para além disso e o bom humor já temos. Há outra vantagem em envelhecer?
Porém, porém, porém...

[Hoje faz um sol grande e frio. É o mais bonito: preciso dele mas não porque me mantém aquecido.]

18.10.11

Numa mesa de biblioteca, ocupo-me de lembranças e patifes


“Dê-me um único motivo cabal para que eu deixe de pensar da minha maneira para pensar como a sua?” Todos gaguejam. É uma pergunta simples, porém longe de ser tola. A demonstração de uma conjectura matemática é única e definitiva, não há argumento complementar ou ataque retórico que a imponha. Não é o que Perelman diz? Sua demonstração é seu único argumento, e definitivo. Alguém pode guiar toda sua vida dissimulando auto-engano e realmente acreditar que tudo o que sabe é verdade, sem que apresente algum tipo de argumento factual ou analítico que o mantenha – é essa exigência não pode ser reduzida há um mero jogo de linguagem – nem os Fouca'u'lts da vida ousaram tanto. Se por ventura, venham a adotar a posição contrária de que sabem algumas coisas, que lhe pagam as contas e conquistam a admiração de pessoas menos “atentas” – e que não são mais bem arquitetadas do que as coisas que arquiteturas alheias – e que na verdade estão bem longe de qualquer coisa que não remetem apenas a essas coisas sabidas elas mesmas, ou elas irão achar que nada substantivo justifica a posição superior que pode virem a ocupar por conta disso, ou, cinicamente, jogam a questão para debaixo do tapete e diz que as coisas são assim e, portanto, pouco importa – ou podem ainda se afirmarem cínicos, e como isso se torna uma ação ao nível da consciência, uma autoafirmação de seu próprio mau-caráter ou canalhice torna-se límpida. Normalmente são essas pessoas que esquecem, ou nunca aprendem, que é sempre muito mais fácil passar o arado sobre vermes.

Bem, por que eu disse essas coisas? Por acaso lembre que vivemos em um sistema social de larga escala - entendam que digo no sentido de que existem milhões de pessoas que compartilham tacitamente normas e valores – que mantém suas assimetrias por meio de estratégias, dentre várias legítimas – entenda, “sem fuder com ninguém” – que vão da constante e real ameaça física, acumulação por restrição às benesses do capital, ao aniquilamento de qualquer traço de autoestima. Esse é um golpe certeiro na maneira pela qual uma pessoa se vê perante as outras pode determinar irreversivelmente suas possibilidades de ascensão social e econômica. Quantas pessoas não escutam que estão inerentemente fadadas à exclusão de ambientes e circunstâncias de maior prestígio porque são feias, burras, negras, índios, mulheres, bichas, roceiros, sapatões, pobres, nordestinos, piões, e um monte de outras características supostamente adscritícias, como se tudo o mais que determinasse sua posição fosse exógeno ou tão somente não existisse. O triste é ver alguém que assim foi tratado dizer o mesmo para outros. Estas seriam cínicas ou de mau-caráter?

Uma amiga, antropóloga, das poucas pessoas que realmente sabem um pouco de minha vida até pouco tempo atrás, pois não está atualizada do que faço atualmente – pesquisando aqui no sul sistemas multiAgentes, complexidade e economia pública e coisas que orbitam isso tudo, coisas que ainda pouco sei – disse que sabia que eu achava tudo o que ela estudava uma grande bobagem – e até ela mesma acha isso de algumas coisas que ela mesma estuda. Mas ela sempre defende que são coisas lindas e necessárias à vida das pessoas, logo não estão no reino dos sistemas bem formados com regras não-ambíguas de inferência, o que, aliás, é correto, tal como as restrições feitas por Kant e Wittgenstein, respectivamente, sobre razão e a linguagem – porém, sempre lhe procurei lhe apresentar minhas posições de maneira clara e honestamente sem nunca dizer que eram bobagens, até porque acho que não são. Em algumas circunstâncias ficava angustiada, o que é próprio dela, talvez mais das mulheres do que dos homens, eu acho.

Ver-se como o personagem de sua própria vida é diferente de se ver fazendo coisas cotidianas sem fim. Sim.

14.10.11

Há três tipos de pessoas: boas, más e estúpidas


3 dias depois da morte de Steve Jobs, morreu
Dennis Ritchie, o cara que inventou a linguagem C e o UNIX. Na internet não falta informação sobre ele e o peso de seu legado. Enquanto todos lamentavam profundamente a morte do "gênio" bilardário Steve Jobs, o falecimento de Ritchie mal foi noticiado. Disso deduzo duas coisas: i) certamente há mais pessoas boas do que más no mundo ii) e, infelizmente, a maioria delas são estúpidas.

9.10.11

Novamente Ensaios sobre Heidegger e outros escritos filosóficos

Por algum motivo a discussão abaixo não me interessa tanto ao ponto de estudá-la como na época em que postei pela primeira vez este texto, no dia 22.9.2007. Não bebo mais com esses caras, deve ser por isso. O interessante é que quando reli em meu computador este texto, que copiei sem muitos cuidados, eu pensava que iria estudar isso para sempre - disso me lembro muito bem. Se talvez eu não tivesse lido o Rorty ainda teria continuado um pouco mais. Mas, certamente, hoje já teria abandonado. Não faz tanto tempo. Nem muita coisa mudou na minha vida. Agora, no início dessa sentença aqui, pensei rápido que havia muitas coisas associadas a este tipo de estudo que me faziam rodar em círculos, e isso não é bom se você não está bem. Foi a pior época de minha vida ou a segunda. Porém, a única documentada. Eu vinha para esse blog e escrevia quase todos os dias, e várias das vezes mais de uma vez por dia. O que também não me ajudou em nada. Também não era lido como eu esperava. Aí me afastei... Só voltei quando descobri que não precisava disso para me resolver e para ser ouvido como eu queria.

Errata: Wittgenstein sempre.

O problema de valorizar demais a linguagem, o significado, a intencionalidade, o jogo dos significantes, ou a différance, é que nos arriscamos a perder as vantagens conquistadas através da apropriação conjunta de Darwin, Nietzsche e Dewey. A partir do momento em que começamos a reificar a linguagem, começamos a ver lacunas entre o tipo de coisas que Newton e Darwin descrevem e o que Freud e Derrida descrevem, ao invés de ver apenas divisões convenientes no interior de uma caixa de ferramentas – divisões entre porções de ferramentas lingüísticas úteis para várias tarefas diferentes. Começamos a ser cativados por frases como “o inconsciente e estruturado como linguagem”, porque começamos a pensar que as linguagens precisam ter uma estrutura distintiva, completamente diversa da estrutura dos cérebros, computadores ou galáxias (ao invés de apenas concordar que alguns dos termos que usamos para descrever a linguagem podem, de fato, ser propícios para a descrição de outras coisas, tais como o inconsciente). Tomamos a irredutibilidade do intencional – a irredutibilidade das descrições de atitudes sentenciais tais como crenças e desejos a descrições do movimento de partículas elementares – como sendo de algum modo mais significativa filosoficamente do que a irredutibilidade das descrições de uma casa à descrição da madeira, ou das descrições dos animais à descrição das células.
Como argumentei no volume I, um pragmatista deve insistir que tanto a capacidade de redescrever quanto a irredutibilidade são de pouco valor. Nunca é muito difícil redescrever qualquer coisa que se queira em termos que sejam irredutíveis a – isto é, indefiníveis nos termos de – uma descrição prévia dessa coisa. Um pragmatista deve também insistir (com Goodman, Nietzsche, Putnam e Heidegger) que não há nada que seja o modo de ser das coisas nelas mesmas, sob nenhuma descrição, apartado de todo e qualquer uso no qual os seres humanos queiram inseri-las. A vantagem de insistir nesses pontos é que todo dualismo que possa surgir no decurso do caminho, toda cisão que um filósofo esteja tentando superar ou complementar, pode ser tomada como semelhante à mera diferença entre dois conjuntos de descrições da mesma porção de coisas.
“Poder ser tomada como semelhante”, nesse contexto, não está em contraste com “realmente é”. Não é como se houvesse um procedimento para descobrir quando alguém está realmente lidando com duas porções de coisas ou uma porção. Coisidade e identidade são também relativas à descrição. Nem é o caso de dizer que a linguagem realmente é apenas um liame de sinais e ruídos que os organismos usam como uma ferramenta para conseguir o que eles querem. Essa descrição nietzscheana-deweyana da linguagem não é a verdade real sobre a linguagem mais do que a descrição de Heidegger de que a linguagem é “a morada do Ser”, ou a de Derrida de que a linguagem é “o jogo das referências significantes”. Cada uma delas é somente mais uma verdade útil sobre a linguagem – mais um exemplo do que Wittgenstein chamou “lembretes para um propósito particular”.
O propósito particular atendido pelo lembrete de que a linguagem pode ser descrita em termos darwinianos é nos ajudar a abandonarmos o que, na introdução ao volume I, chamei de “representacionalismo”, bem como a distinção entre a realidade e aparência. De modo nada surpreendente, eu considero as melhores partes de Heidegger e Derrida aquelas que nos ajudam a ver a qual a aparência das coisas sob descrições não-representacionalistas, não-logocentristas - qual sua aparência quando começamos a tomar como certo que o caráter de qualquer coisa é relativo à escolha de uma descrição, e assim começamos a nos perguntar como ela pode ser útil, ao invés de como ela pode ser correta. Eu considero as piores partes de Heidegger e Derrida aquelas em que eles sugerem que finalmente apreenderam corretamente a linguagem, e a representaram acuradamente, como ela realmente é. Essa são as piores partes que deram a Paul de Man o ensejo para dizer coisas como “a literatura... é única forma de linguagem livre da falácia da expressão imedita”, e que permitiram a Jonathan Culler insistir que uma teoria a linguagem deve responder a questões sobre ”a natureza essencial da linguagem”. Essas são também as partes que induziram toda uma geração de teóricos da litteratura americanos a falar sobre a “descoberta do caráter não-referencial da linguagem”, como se Saussure, Wittgenstein, Derrida ou qualquer um tivesse mostrado que referência e representação eram ilusões(enquanto opostas ao fato de serem noções que, em certos contextos, podem proveitosamente ser dispensadas).
Se tratarmos isso simplesmente como um lembrete, ao contrário de como uma metafísica, então eu penso que o que se segue é uma boa forma de se agrupar do mesmo lado o resultado tanto da tradição Quine-Putnam-Davidson na filosofia analítica da linguagem quanto da tradição Heidegger-Derrida de pensamento pós-nietzscheano. Considere sentenças como os fios que ligam sinais e ruídos emitidos pelos organismos, fios capazes de ser associados aos fios que nós mesmos expressamos (através do processo que chamamos de “tradução”). Considere crenças desejos e intenções – atitudes sentenciais em geral – como entidades que são postuladas para ajudar a predizer o comportamento desses organismos. Agora pense nesses organismos como gradualmente evoluindo a partir do resultado da produção de fios cada vez mais longos e complicados, que os habilitam a fazer coisas que antes eram incapazes de fazer com a ajuda de fios mais curtos e simples. Agora pense em nós como exemplos de tais organismos altamente evoluídos, e em nossas esperanças mais levadas e temores mais profundos como viabilizados por, entre outras coisas, nossas capacidade de produzir os fios peculiares que fazemos. Então, pense nas quatro sentenças que precedem a esta como mais alguns exemplos de tais fios. Em penúltimo lugar, pense nas cinco sentenças que precedem a esta como um esboço da morada do Ser redesenhada, um novo domicílio para nós, pastores do Ser. Finalmente, pense nas últimas seis sentenças como ainda outro exemplo do jogo dos significantes, mais um exemplo do modo como ainda outro exemplo do jogo dos significantes, mais um exemplo do modo pelo qual o significado é infinitamente alterável através da recontextualização dos signos.
Essas últimas sete sentenças são uma tentativa de abarcar animais, Dasein e différance em uma única visão: uma tentativa de mostrar como se pode modular do elemento darwiniano, através do heideggeriano, até o derrideano sem muito esforço. Elas são também uma tentativa de mostrar que o importante nessas duas tradições, a que conflui para Davidson e que flui para Derrida, não é o que dizem, mas o que elas não dizem, o que elas evitam mais do que elas propõem. Observe que nenhuma dessas tradições menciona o sujeito cognoscente ou o objeto do conhecimento. Nenhuma delas fala sobre uma quase-coisa chamada linguagem, que funciona como intermediária entre sujeito e objeto. Nenhuma delas nos dá espaço para a formulação de problemas sobre a natureza ou a possibilidade da representação ou intencionalidade. Nenhuma delas, em resumo, nos confina ao espaço no qual a tradição representacionalista, cartesiano-kantiana, sujeito-objeto, no colocou.
Isto é tudo que essa tradições têm de bom? Todos esses pensadores eminentes estão simplesmente mostrando um caminho para a mosca sair de sua empoeirada garrafa, para sairmos de uma dilapidada morada do Ser? Sinto-me fortemente tentado a dizer: “Claro. O que mais você pensava que iria conseguir da filosofia contemporânea?” Mas isso pode soar como uma redução. E assim seria se eu estivesse negando que as obras desses homens são indefinidamente recontextualizáveis, e podem vir a ser úteis em uma variedade sem fim de contextos hoje imprevisíveis. Mas não é redução dizer: não subestimem os efeitos que ficar se debatendo no interior dessa garrafa em particular pode ter sobre a mosca. Não subestimem o que pode nos acontecer, o que nós podemos nos tornar ao sair dela. Não subestimem a utilidade do escrito meramente terapêutico, meramente “desconstrutivo”.
Ninguém pode estabelecer nenhum limite a priori para o que a mudança na opinião filosófica pode produzir, não mais do que para o que a mudança na opinião científica ou política pode fazer. Pensar que alguém pode conhecer tais limites é tão ruim quanto pensar que, aprendemos que a tradição ontoteológica exauriu suas possibilidades, nós precisamos nos apressar para reformular todas as coisas, tornar todas as coisas novas. Mudanças nas perspectivas filosóficas não são nem intrinsecamente centrais, nem intrinsecamente marginais – seus resultados tão imprevisíveis quanto as mudanças em qualquer outra área da cultura.

Ensaios sobre Heidegger e outros: escritos filosóficos II, Richard Rorty

3.10.11

A boa nova, âncoras e tags.

A boa nova:
Corto a corda das 3 âncoras.
Uma consegui definitivamente após 13 anos ou mais.
Para a segunda, falta apenas um fio: o inicial: o qual deu início a toda a corda.
O terceiro, só com a sorte de uma baleia o carregar, pois não posso matar a mim mesmo.
Só aí posso voltar a ser navegado.

19.9.11

Type O Negative - Love You to Death


Poderia postar o October Rust inteiro. Lembro bem da época em que foi lançado.
É um dos melhores discos de sua década.

15.9.11

Ame como se fosse verdade

Nem todos são capazes de amar - não sinta medo de ser assim, não desista de tentar a felicidade por outros meios. Não sei quais.
Se existir outras pessoas que precisam de seu amor, por lhe amarem, pelo menos ame como se fosse verdade.
Por quê? porque as pessoas passam.
É disso que se trata.
Sou capaz de amar e escrevo. Ora, há anos tenho me esforçado em amar até os que não me amam - e falo isso com dor, cansaço, com a voz mais baixa do que normalmente. E triste constato que não sou capaz de tanto. Não sou capaz de querer que não me ama - sim, me deixei cair pelo caminho, onde é mais denso, onde escuto chamarem meu nome e me alegro. E as bordas, onde se encontram os limites que posso alcançar, se tornam mais distantes com os anos - ou eu mais denso? -
Pelos bordas ficam as inúmeras pessoas com que desperdicei minha doçura. Por quê? Acreditava que me amavam e não sabiam como dizer. Como tocar. Como se alegrar. Sinceramente, acreditava para não admitir que eu pudesse não ser amado.
Tantas cartas, emails, posts, telefonemas, bares, cinemas, domingos, sorvetes, parques, livros, sorrisos... Fica a lembrança. Tudo que carrego me curva as costas e o pescoço. Espero que me sirva de algo para outra metade de vida que me resta.
Fica a esperança. Um ato de coragem.

13.9.11

Para ser feliz, controle a escassez.

para ser feliz, controle a escassez. retire pessoas de sua vida, retire lugares para onde ir, não aprenda coisas novas, olhe menos para os lados, leie menos nas intrelinhas, troque menos olhares, não destrua os sonhos das pessoas.
apenas não faço o último.


6.9.11

O coração não nasceu para ficar no nosso peito.


Mesmo suja e triste, quero estar onde me caiba.
O que não quero começar nada por aqui, não que não valha.
Bem, minha vida é onde estou, mas ainda não é o momento de me plantar.
Já espero há muito tempo para que eu deixe qualquer chamado à boa vida me distrair.
Sempre há um chamado de volta e para perto. Esse nunca me diz de onde vem,
talvez para eu a procure sempre.

Quando o coração fica pequeno sem motivo, é para lembrar que tem alguma coisa ali mal resolvida, mal abandonada, mal vivida. O coração me diz o tempo todo que ele não nasceu para ficar preso no meu peito.
Nem eu nasci para ficar preso em mim.

9.8.11

Notas da semana

Sexta fui ao Santa Tereza, bebi e me apaixonei.
Sábado fui à Praça do Papa, bebi e lembrei de uma paixão.
Ontem fui novamente à Praça do Papa, bebi e amei.

As duas primeiras são momentos da minha faculdade de criar; Tal como quando escrevo.
A terceira somente ocorre quando deixo de criar e, por não ter nada com que me prender, me entrego ao acaso.

Estou a caminho do mais ao sul do sul do país. De São Paulo para minha terra. Dos fins de noite na Espirito Santo para o dia como noite do Rio Grande. E quando voltarei de vez para cá? Meu romance e minha música irão esperar até o próximo ano, claro, caso nada menos importante apareça.

Que "Não há lugar para nós" é o resumo dessa opera. Não para nossas vidas em comum. Nem no tempo. Nem num mesmo lugar. Há lugar unicamente para arrependimentos, tristeza e minhas palavras suficientes.

2.8.11

Não há dedos que cheguem para [0,1]

"Uma vez que a decisão tenha sido tomada, fecha os teus ouvidos mesmo ao melhor argumento contrário: sinal de um caráter forte. Assim, uma disposição ocasional à estupidez" - Em um lugar de Além do bem e do mal.

Entender somente esse aforismo, suficiente já é para a mudar a vida de vocês. Vocês que insistem em ficar a colher tudo o possível para o melhor possível de tudo ser feito. Tolos. No dia que abraçarem o mundo, me procurem; lhes darei o universo para que tentem o mesmo.

Não há dedos que cheguem para todas suas conjecturas, reais ou irracionais.


Sim, há dedos para o que há de comum entre nós dois, Você que me lê e Eu.

26.7.11

Morrissey - Suedehead


Viva Hate!

Complicado é o passar do tempo

Acabei voltando para o lugar de sempre. Acho que nunca irei conseguir me livrar de minha cidade, estado e tarefas domésticas. Desta vez voltei não por escolha minha. Se eu continuasse o caminho de Solow, não teria tempo para as baixas frequências, meu livro e Schelling. A complexidade seria meramente um passa-tempo complicado e um complicado passa-tempo. Foi um melhor caminho o que eu não escolhi.

De uma vez que quis consertar uma bobagem que fiz a mim mesmo, ao dizer a uma bela jovem o que eu não queria para mim, criei uma bobagem ainda maior. Me afundei na lama. Um soma de estratégias erradas que não se consertaram. Ainda que duas negativas se anulem, só fiz errar em impar.

Deixe para lá. Há mágoas trocadas. Mais bobagens suas que minhas. Uma solidão do lado de quem me lê que ninguém suporta e eu não poderei curar.

10.6.11

A vida, as tentações e eu (sem pedir para estar aqui)

Quando aparece uma única e tão somente única opção, penso que poderei finalmente fazer uma escolha. Bem... aí aparece a vida e me diz: "Você pensa que vai se livrar tão facilmente de mim?" e me joga na cara uma tentação.
Novamente, ouço todos os poetas vivos e mortos dizerem em coro: "Essas coisas nunca dão certo!"

28.5.11

é isso.

"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras; e por tudo isso, ando cada vez mais só."

Caio Fernando Abreu.

é isso.

 

26.5.11

O tempo e nós. v0.2

Insisto em olhar para trás. Tenho como resolvido que não. Porém, esta vida. Estas coisas da vida.
Uma música aqui, um filme ali, um verso. Até mesmo a conclusão de um ensaio.
Isso tudo só serve para uma coisa no final. Fundamentalmente, isso tudo para lembramos, ou para nunca esquecermos, que somos tão somente isso.
Sou um tolo que sonha até hoje, acredite, que tudo foi apenas um mal entendido e que você é como eu. Em um dia de minha vida eu estava ali caminhando e você também estava. O acaso foi de sorte.
Voltei a te ler. Às vezes me escondo para que saiba disso. Claro que sabe, sempre soube. Sob a assinatura "luciano" eu estava lá a espera de seus olhos. Você me olhava sempre, mesmo não escolhendo. Amar passa por essas coisas de forçar a amada a ser amada.
Bem, como ainda existirá música, versos, filmes, você ainda existirá para mim. Você faz lembrar que sou tão somente esse pouco de tristeza e tornado um pouco de ti.

24.5.11

The National - Fake Empire


Música não é arte, é tão somente música.
Como tudo que senti por você era tão somente eu.
Você não quis me escutar.

7.5.11

Um metrô

Você entra e de longe fica a abservar outros que entram e eu.
Outros saem e você olha somente para mim, até que outros entrem novamente.
Eu observo seus olhos e eles quase nunca percebem que outros olhos não me importam.
E nunca.

27.2.11

Two weeks

De volta à minha casa por 15 dias.

Vou aos bares que gosto. Renovar o sotaque e beber...

Vou também descansar em meu quase para terminar romance.

Vou à biblioteca passar o dia. Pegar uns livros, tomar um café e admirar formas.

Vou tocar as poucas músicas que sei porque gosto. Preciso me escutar...

Vou, por fim, seguir a cavalaria.

De volta à SP, meses de saudade de tudo que me fez seguir para lá.

14.2.11

Nimrod

Antes do primeiro 1 minuto, já me desfaço. Como me desfalecia todos os dias logo quando eu acordava.
Já havia lhe perdido. E ainda sim, todos os dias lhe esperava, nos mesmo lugares.
Sabia quando iria aparecer. E sempre aparecia. 
O seus olhos estavam lá. Os mais belos olhos que vi, até este instante. 
Se não fossem tão belos, jamais a teria percebido.
Como faço para lhe esquecer, sem esquecer sua imagem?
É um leve tormento o que sofro quando me deparo com a beleza. Isto porque você foi o que mais próximo pude chegar dela. Saiba disso.
Nos veremos novamente. É uma questão de tempo.
E, jamais.

24.1.11

Entre, por favor.

Hoje cheguei aos trinta anos.
O que consegui? Duas cidades. Um doutorado. E A. A família já estava aí quando cheguei.
Para os próximo trinta anos, o mesmo de tudo e outras letras além de A - o que é difícil.
Oh Deus, quanto cansaço sem nada ter feito. Quanto ressentimento. Quanta vida ainda irei ter?

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.