24.3.08

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O que se quer com pequenos textos direcionados a amigos e raríssimos admiradores? Os contadores informam muitas visitas e nunca quanto são os leitores. Quantos realmente se esforçam para compreender pequenos textos ou cada um dos pequenos parágrafos que os compõem? Acredito que, além do esforço, conhecer o autor é fundamental o que implica numa redução acentuada do número de compreendedores. Também acredito que a inúmeras interpretações possíveis revelam facetas que jamais poderia imaginar estarem ali em cada linha minha e que são igualmente legítimas; cada um meu conhece da sua forma. Pessoas que suponho que me conhecem, seja de qual forma for, já extraíram as mais conflitantes leituras de cada uma das pequenas obras de meu espírito. Logo, e por fim, conhecer ou não o autor não ajuda muito na correspondência entre a minha intenção e os estados que provoco.

Entender cada parágrafo meu como uma pequena obra de meu espírito é o que eu aconselho. E saiba que é um pequeno espírito. Lendo-me não me percebo como mesquinho ou ressentido. Um pouco piegas dependendo da lua, admito. Sou pequeno pelo pouco que sei e o mínimo esforço em superar-me. Pequeno é apenas um estado e não uma condição minha, por enquanto.

Gostaria que algum dia minhas pequenas obras sejam lembradas como “portentosas”. Exatamente como “portentosas” seria suficiente. É uma excelente palavra. Retiro a palavra da portentosa obra que é a infindável construção da sociedade brasileira, obra de todos os tipos de espíritos.

Está cada dia mais penoso escrever e uma causa é este mundo que não para de crescer.

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.