25.8.07

Para acompanhar flores

Não quero saber da verdade. Não conte o que te afligi, o que te faz ficar acordada pensando em coisas ruins – mesmo porque, não são as coisas ruins que te faz vê-las. Deixe os seus problemas prosaicos para os seus amigos, seus familiares. A estes, conte o seu dia-a-dia. A mim, o que nunca viveu. Em verdade, para mim nada te consome. Você sempre está linda e feliz. É claro que te idealizo. O que procuro é o novo, o raro, a distância do cotidiano. Não dou a mínima aos que dizem que as coisas naturalmente são belas. Não te quero ao natural, nenhuma mulher é naturalmente bela. Você sabe se fazer. Se produza, se enfeite, me fascine, me provoque. Me faça salivar e querer te comer sempre. Um rabo de saia, suas poesias e olhares, me capturaram, me fizeram. “E a tristeza, há tapete que possa escondê-la, há romance que possa sobrescrevê-la, meu amigo?” Vamos deixar esse trem de tristeza para outro momento, só quando estivermos sem a nossa beleza.

19.8.07

Narcisista



A gata e o mouse

É uma bela manhã de domingo parcialmente nublada. Foi uma ótima noite de sábado. A semana se inicia e sinto que algo de novo surge em minha vida. Veja só essa gata que está aqui do meu lado. Surgiu no muro aqui de casa há três dias, uma semana após a antiga gata, Sophia, ter morrido. A cada dia cresce a minha afeição por ela que nem nome certo tem. E ela só surgiu nas nossas vidas há três dias. Boas coisas sempre surgem.

Eterno início

Faz um bom tempo que não escrevo com intenção de publicizar. Isso tem haver, em boa parte, pela espera da nova cara do blog. Reconstruir o layout foi um bom passatempo para o fim das férias. Foi positivo a mudança porque está bem parecido com meu jeito. Tirando o rodapé, que roubei da casa de João Ivo depois de uma noite de secar garrafa de vinho sem rótulo, o resto está sem muitas cores e com um ar sóbrio. Foi necessário aprender um pouco de linguagem CSS e HTML, o que me pareceu, numa analogia imediata, um estudo de novas línguas pelo estranhamento inicial e a difícil progressão. Também tive que aprender a operar ferramentas básicas do GIMP para criar o cabeçalho e ajustar o rodapé ás proporções desejadas. Sobre o cabeçalho tem um detalhe interessante a respeito da figura escolhida. Essa figura é conhecida como cubo ilusório e existem inúmeras gravuras que o retratam. Acho uma criação fabulosa. Na minha forma de ver é um objeto que significa uma bela e rigorosa construção da razão humana, o cubo, igualmente como as formas que se pode construir a partir de retas e ângulos. No entanto, a mais prodigiosa das engenharias não seria capaz de construí-lo. Observe-o novamente. É um objeto da imaginação e, como tal, pode apenas ser perseguido. Ele é como aquele pombo que ao perceber que quanto mais alto voar menos o ar o fará resistência rejeita e se liberta de toda matéria para ganhar o espaço infinito. Está para além. O idiota segundo a idéia defendida por Deleuze e Guatarri e sintetizada pela citação que segue ao lado do cubo ilusório não poderia encontrar gravura melhor. Pensei em desenhá-lo, e ainda pretendo, mas esse desenho que encontrei na web é de um bom gosto tal que não titubeie em escolhê-lo. Espero não ter infringido o direito autoral de ninguém. O cubo também aparece no endereço do navegador e isso foi fácil de fazer. Igualmente fácil foi registrar um domínio próprio, que não é nada caro. Fiz o registro foi mais por achar o nome com a extensão .blogspot.com muito grande e deselegante. Para mim tem muita diferença entre www.oidiotatheblog.blogspot.com para www.oidiota.net. Se a URL www.oidiota.blogspot.com estivesse vaga é bem certo que não teria registrado nenhum domínio. O endereço é o de menos e tem um sem número de exemplos pela internet, dentre os bilhões que existem atualmente. Outro ponto sobre mudar algumas coisas, que esses lance de bilhões faz lembrar, é querer que O idiota não fizesse parte daquele grupo de blogs no qual apenas três ou quatro conhecidos comparecem, postam e se comentam, num inflamar mútuo de egos. Voltando ao layout, gostei muito da barra lateral, com sua nova fonte e widgets. Os marcadores que aparecem sob o título de “TEMAS” ajudaram a organizar o conteúdo que no momento está em 175 postagens. A caixa de busca, que inseri, vai propiciar uma busca mais refinada do blog - digite “buceta” ou “olhos” e veja o que aparece. Até aqui, já vejo outro motivo de ficar sem publicar por um bom tempo. Essas mudanças têm me feito achar que tenho também que mudar a escrita. Rebuscar e tratar de temas, não mais intuições, é o que comecei a achar ser mais condizente com essa, digamos, nova fase. Desde o início, acabei restringindo minhas criações a uma forma mais poética e literária, ou, sei lá!, mais introspectiva. Tenho versado mais sobre estados de angústia, esta tristeza que me acompanha, dentre outros momentos, durante a solidão da prática da escrita. Talvez a tônica dessa página seja a do samba para Cartola. Bem, não é minha intenção discorrer sobre isso agora, além do que, mudar o fazer não é tão simples. Rebuscar, ser menos passional são coisas que ainda não me concebo fazendo. Não é fácil largar um vício, não é questão apenas de vontade. Pois é. No momento o meu móbil não é desdobrar todos os pontos acima. É mais o desejo de registrar uma pequena satisfação de ter feito algo que me deixa orgulhoso.

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.