Amanhã não terá nada de inesperado. A viagem será para um lugar que nunca viu nem em foto. Chegando lá irá armar a barraca ou irá para uma pensão. Um cochilo ou uma pequena volta pelas proximidades é o que fará. Procure reparar se há mofo nas paredes do quarto, se a janela range ao ser aberta, se a toalha está sobre a cama, se tem um cinzeiro – espero que não haja. Pela a pequena volta tente convencer-se que foi uma boa escolha aquele destino, se tem bastante verde, alguns bancos para descansar as pernas, um lugar para compra cigarro – espero que não encontre e tenha que queimar bastante combustível para comprar. Bem, o que se faz depois? Sabe, não terá nada de inesperado. Correremos em busca do diferente, de cachoeiras, igrejas velhas, pessoas felizes e dignas e, de preferência, pobres. Vamos esperar a noite e ir até aquele bar que o pessoal da região recomenda. Mulheres gostam de forasteiros, não é verdade? Vamos pedir as especialidades e beber a bebida dos nativos. Isso talvez seja o mais diferente que podemos experienciar. O álcool e a carne possuem o dom de se mutiplicarem em sabores e multiplicar a vida. Já não tenho tanto certeza quanto às pessoas que se pode encontrar. O que vejo nos olhos de todos os lugares é algo que vejo nos olhos do espelho. Mas retornando ao que imagino que faremos nesta viagem, peço que não sejamos os mesmos que planejaram irem ser os mesmos em outro canto. Nossas conversas fúteis e maledicentes não terão mais graça com um cartão postal ao fundo. Mais uma coisa que só fazemos. Aquelas migalhas de felicidade que não vemos e corremos atrás não estão escondidas em uma gruta ou num calçadão. Outra coisa que já aprendi, partamos antes que alguém de lá nos aponte o dedo, se não quisermos a amarga sensação de que fomos para o lugar de onde saímos. Lá não é onde o belo deve estar, estamos combinados?
sobre a escrita: Não adianta criar mundos que você não poderia pisar. Não adianta criar mundos que outros não podem pisar.
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