Um professor e amigo certa vez em tom de brincadeira disse que um dos maus da nossa "tacanha" classe média é que de um lado não tem poder nem grana e de outro não possuem superioridade numérica para poderem determinar os rumos políticos por via eleitoral. A única saída que encontraram foi encarnar para si próprios uma auto-ilusão de que são formadores de opinião. Suas pequinesas ou mesquinhezas, ou melhor, o que lhe fazem pequenos, são a maior prova disso. Quem convive mais de perto com o universo da Universidade Pública Federal - que há 10 anos atrás estava para fechar as portas - sabe bem o peso dessa mediocridade toda. Sorte deste país que todos esses delírios à Ovomaltine possuem alcance bem limitado.
Esse o meu post número 400.
Reproduzo o título original da postagem.
Autor:
Weden
Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a
falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem
pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do
Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.
A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato,
nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado
por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja
nos outros veículos acima citados.
O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção
aos dois leões de chácara Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem
ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do
modo como alguns representantes de uma classe média deseducada -
felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de
aprovação.
Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser
encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria
representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do
Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da
Silva.
Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e
parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de
xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz
carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que não conseguiu
esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda
de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores
que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço
público.
Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores
desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto
Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com
ele o mesmo ambiente midiático.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/selvageria-contra-lula-foi-ensinada-pela-imprensa