3.11.11

Topografia do tempo


Com o passar dos anos fica mais difícil manter na mente a sequência em que os acontecimentos se deram. As lembranças de minha vida – todos aqueles sons e imagens, quando as quero ou quando me visitam – adensam-se em um mesmo instante com o aumento da distância. A linha do tempo vai se entortando, girando em torno de muitos eixos, dando nós que não sei como desfazer com minha memória. A linha vai se expandido para os lados. Tudo se torna plano.

Os acontecimentos mais recentes se colocam por si em uma fila que me segue – se olho para trás, estão ali comportados, sorrindo para mim.

Os eixos são momentos de maior dramaticidade.

31.10.11

Selvageria contra Lula foi "ensinada" pela imprensa

Um professor e amigo certa vez em tom de brincadeira disse que um dos maus da nossa "tacanha" classe média é que de um lado não tem poder nem grana e de outro não possuem superioridade numérica para poderem determinar os rumos políticos por via eleitoral. A única saída que encontraram foi encarnar para si próprios uma auto-ilusão de que são formadores de opinião. Suas pequinesas ou mesquinhezas, ou melhor, o que lhe fazem pequenos, são a maior prova disso. Quem convive mais de perto com o universo da Universidade Pública Federal - que há 10 anos atrás estava para fechar as portas - sabe bem o peso dessa mediocridade toda. Sorte deste país que todos esses delírios à Ovomaltine possuem alcance bem limitado.

Esse o meu post número 400.

Reproduzo o título original da postagem.
Autor: 
 
Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.
A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.
O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara  Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.
Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.
Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que  não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.
Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/selvageria-contra-lula-foi-ensinada-pela-imprensa

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.