28.10.06
23.10.06
Me senti um Abraão quando um me perguntou quem é Você. Dizer o quê? Quem poderia compreender isto tudo além de Nós? Não é esquisito. Digamos, é no máximo pouco usual. Um estratégia de conquista pouco utilizada na história... só por mim que Eu saiba. Como é que as coisas tomam certas formas? Só um momento. Aceita um café? Acabei de fazer, forte para os fortes! Como Eu estava te dizendo há uma conjuntura para complicar mais as coisas, segundo o meu ponto de vista. Digamos que seja algo relacionado com as minhas condições objetivas de existência, quer dizer, de sobrevivência; hoje, por exemplo, não tenho um puto para te oferecer outra coisa que não seja café. Hum? Ah bom... Também tem isso de Eu não dizer as coisas de forma clara. Mas sempre digo tudo que quero. Quando assumo naturalmente um tom melancólico costumo ser mais feliz ao escrever: "por que será que Você não me ama?" Mas sou o mesmo de sempre, a coisa mais fria para alguns que me conhecem, igual uma rocha, e ombros para todos eles. Acham isso mesmo! É esse negócio de falar tudo com outras palavras que me mascara. Quando vou usar as palavras que não são outras não consigo dizê-las. Mas me esforço. Tenho usado música. No momento está tocando Sentimentale, do Bolling – percebe como estou mais sentimental? Música, palavras, café. Tenho escrito sempre escutando música. Talvez seja isto que faz que Eu consiga que ainda me leia. E é certamente o que me faz ter problemas em outras casas. Os imbecis – não idiotas, porque o idiota sou Eu – não entendem que as coisas têm que fazerem sentido. As coisas para mim têm que fazer sentido. É por isso que lembro de Abraão que levou o filho para o sacrifício. Quem o entenderia? Quem ele mais amava entendeu.
As coisas não se deram estranhas. A estranheza depende dos olhos de quem vê. Os olhos de quem vê podem ser o de todos os outros. Então, se é assim, quem vê? Até pouco tempo eu não via. Inconformado aceitei os sons que divergiam dos olhos e do tato que nada pegava. Assim compreendi. E não há como dizer a ninguém e nem a mim o que compreendi.
As coisas não se deram estranhas. A estranheza depende dos olhos de quem vê. Os olhos de quem vê podem ser o de todos os outros. Então, se é assim, quem vê? Até pouco tempo eu não via. Inconformado aceitei os sons que divergiam dos olhos e do tato que nada pegava. Assim compreendi. E não há como dizer a ninguém e nem a mim o que compreendi.
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