28.6.08

Ensaio de um encontro feliz se não fosse uma infeliz

Parece que sou o único que ainda quer algo mais que um simples contentamento. Bem, há a sorte de que aparências são quase sempre aparências. Essa tem sido a fonte de todos os meus contentamentos. Isso não dá mais.

“Mais tarde” nunca chega e fica para outra semana. E essa semana nunca chega. Chega!

Percebe-se que há mais por trás da indiferença com que sou recebido. Também há mais por trás dos anos em que não te procurei. Alguém teve que fazer de conta que não há o peso do tempo, que nunca houve mágoas, e aproximar-se. Houve um grande esforço de minha vontade para que eu surgisse vulnerável diante de ti e de aceitar cada palavra que não esperava. Um tinha que ter feito isso. À outra, resta que entenda que é por nós e me abra um sorriso.

Deve ser difícil aceitar que não sou mais apenas um monte de frases e que sou de carne e osso.

Acordei quarta-feira vendo o mundo com outras lentes, estava mais calmo e pude dormir sem esperança, sem esperar. Às vezes, boas coisas acontecem.

22.6.08

Vou deixá-los a sós, afastar-me lentamente para que não os atrapalhe. Há muito esperam por este abraço. Quantas páginas foram escritas e rasgadas para que aqui chegassem. A paz os pertence. O apartamento se apequena. Toca a Baquianinha nº1. Daqui já não os vejo tão bem e são como uma sombra apenas. Tudo escurece. E escurece mais à medida que me afasto. Não irei nem mesmo fechar a porta para não despertá-los. Ninguém passará pelo corredor entrará porque todos sabem o que está acontecendo na calma de suas vidas. Não posso saber o que irá ocorrer agora e por toda a noite. Já é tarde e devo ir escrever a minha vida.

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.