2. Seu ritmo é outro. Está sempre bem disposta quando vem da rua. Cruza as pernas e brinca com seu cabelo divertidamente. Parece até uma boa menina à primeira vista. Demos sorte de vê-la por aqui hoje. Comparece pouco à mesa. A companhia não é problema, já que todos a recebem muito bem. Quem não gosta dela? “Desculpa-me senhor, mas quem não gosta tem medo de aparecer”- interveio o anônimo. Também não sabemos bem o que ela gostaria de encontrar nessa mesa sempre bem posta por mim. Temos tudo: pão, leite, café, goiabada, manteiga de garrafa, margarina pros mais saudáveis, chá, e uma faca afiada. Ela é também sempre bem recebida por nós. Sempre há quem puxe a cadeira e lhe passe o açúcar. Só que é difícil de agradar a moça. Muito de vez em quando prova algo. É do tipo geniosa, e essas são complicadas, não é fácil fazer a vontade. Mas veja só, quando finalmente aceita um cafezinho, quando finalmente prova do queijo com goiabada some. Descruza as pernas que tão graciosamente cruzou e salta da cadeira como uma gata. Talvez seja conflituosa como uma gata. Talvez escute André Rieu. Talvez seja uma gata. Vemos ela novamente lá fora, na rua com os meninos. Voando atrás dos papagaios, chutando as bonecas, derrubando as latas e escondendo de quem irá procurá-la. Correndo e se misturando as cores e formas. Logo, logo, quando o cansaço chegar, ela irá dormi na grama. Ah!, como gosto dessa pequena. Mesmo que ela venha tomar o café amargo que passo todas as manhãs, ainda direi isso a ela. Sabe, um dia escutei aqui no cantinho da minha orelha: “Será uma bela mulher se não crescer...”
1. Como gosto de saber que pode haver o universo.
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