7.6.07

Um cansaço que pesa há anos me faz adormecer mais do que o tempo que me pertence. Você seguia e eu observava a paz de quem se despedia de um dia bem vivido. Angustiado sentei junto aos outros poucos que permaneceram. Se por acaso acordássemos no meio da vigília, quem sabe, não houvesse angústia. Se o mundo se move ou não, se as pessoas seguem ou fazem círculos, sobre isso quem pode dizer? Mas quem dirá que não é movimento? Você passa e eu fico, patético. Sento na grama e fito todos. Vejo também que daqui onde estou estou fora do mundo. Ou digo isso por que não posso ver seu limite e nele estou imerso e há onde não há cor? Essa segregação do mundo e esse sentimento preto e branco do mundo. Uma obra de Dreyer sem promessa de ressurreição alguma. Tem também a muda contemplação.

Nunca tinha percebido como seus traços se parecem com os de uma pintura renascentista. Tem um toque indefinível que te concede um encanto. É coisa sutil que parece ser o sorriso de um contorno, e não o contrário.

E essa promessa de que um dia vou misturar-me a todas as cores do mundo, e misturar-me também a ti.



Porque tenho que compará-la sempre a algo supremo ou maldito? Por que não digo que seu traços se parecem com nenhum outro?

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notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.