Hoje é só mais um domingo. Para mim não mudou nada de ontem para hoje e creio que irá continuar tudo do mesmo jeito por um bom tempo; não vou mudar tão cedo.
Este é o ano em que mais vomitei sangue e que mais chorei. É o ano em que aceitei o quanto sou idiota. Que percebi o quanto me diverte esfaquear os que me abrem os braços. "Este que é o Luciano! Que saco! Que suma!"
Os que lerem isto verão que não faço outra coisa do que me atravessar com cravos e tentar não deixar que este ano acabe; tento agarrar alegremente com minhas mãos o que já escorreu pelos meus dedos.
Escrevi o que se segue e muito do que ainda se seguirá. Até que deu frutos, infelizmente não devorados."As coisas que saiam de minha boca, assim como as que saiam pelas mãos, invariavelmente não se tornavam o que deveriam ser, não eram. Faziam de mim um mero esquema, sem calor, sem lágrimas, sem cheiro, sem sorrisos... sem carne. E toda vez que os meus olhos viam-me chorar diante da evidência de poder fazê-lo por coisas que normalmente piso, jamais simplórias, e ao mesmo instante que sentia que os limites de meu corpo me sufocavam por tão grande que me tornava, sentia quanto as palavras eram miseráveis, desnecessárias. Quanta ingenuidade... Não há "palavras", e sim, " minhas palavras"; eu era o miserável. Por mais hábil que eu fosse, ainda me deixaria seduzir pelo desejo de dizer mais do que se precisa, coisas invariavelmente desnecessárias. Meia dúzia de palavras já são mais que suficientes para quase tudo que preciso, para o que de fato importa, e não fará muita diferença quais sejam, além de que, a maneira que se diz é que irá evidenciar o que quero, o que sou. Um sussurro em meio a afagos, pode dizer mais que qualquer carta. Também, não só as palavras dizem-me, expressam-me. O que um olhar, um abraço, um sorriso - o que eu mais prezo - diz? O suficiente para que eu dê um passo se siga adiante, se eu entendê-los como meu chão. Mas por que outra complicação, isto não tem fim? O quero dizer poderá ir de encontro ao que quer escutar, ao que o seu ser deseja, ou não. Tal encontro seria apenas obra do acaso?
Como e bom caminhar sob teu calmo olhar."
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