5.3.09

No trabalho e na guerra

Penso exatamente como escrevo. Se quiserem me conhecer, podem começar por aqui. Vocês chegarão a conclusão que sou uma pessoa tão lírica quanto vulgar. Eu também chegaria a mesma conclusão ao me ler. Eu até poderia me apaixonar por uma mulher que escrevesse assim, como eu. Eu me apaixonaria por uma mulher de escrita noturna e densa e simples. Eu me apaixonaria por uma mulher que estaria a esta hora escrevendo. Aqui, como, quando a noite passar, ela seria? Seria ela assim o tempo todo? Bem, de dia estudo, trabalho, discuto, corro. De dia, todo o lirismo fica escondido, dissimulado, nos passos apressados. De dia, o meu lirismo fica a observar o mundo pelo meu olhar que já conhecem. De dia, meu lirismo sai pela minha boca escondido em cada uma das minha cuidadosas palavras duras, escolhidas como a escrita. Tudo isso sem contar para ninguém. A verdade é que não há lugar para o lirismo cru e a sua vulgaridade no trabalho e na guerra, pois cede-se lugar a tolices que somente são permissíveis à noite. Tudo a essa hora é só palavras escritas. Não se perde o salário ou a vida escrevendo. Nem se perde uma paixão. Não nego o arrependimento de todas as vezes que não direcionei meu desejo de crescer o coração a essa hora noturna e só.

Um comentário:

Anônimo disse...

phoda!!!

abraço,

anderson

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.