5.9.09

Leia o post para saber do que se trata.

Desconfio que tudo pode ser destruído. O que seria ótimo, porque não seria uma virtude minha e só um aspecto das coisas elas mesmas. As coisas estão para nós para serem destruídas, pois o contrário, a criação, é para Deus. Tudo o que me corta já existe antes de mim. Você existe antes d'eu te conhecer e você já existe antes de você se conhecer. Que peso imenso Deus nos tirou quando, antes mesmo das épocas, nos permitiu apenas destruir. Glória à sua grandeza!

Tudo que você sente possui realidade; o mal-estar de seu coração machucado possui ardência e matta. Morri três vezes em minha vida. Há uma grande esperança de que toda essa realidade seja ilusão, patologia psíquica, ou um jogo de linguagem. Certamente, como você sempre insiste ao me ler, desconsidero toda a tradição de divagações sobre as palavras e sobre o que existe, que, sem modestia, conheço como poucos. Bem, é verdade. Como quase nunca, concordo com você na parte onde desconsidero. Tudo está aí para ser visto. Eles não foram capazes de me salvarem de você, e eles deles mesmos.

15.8.09

Estrutura lógica e eterno retorno de expressões bem buscadas

Esqueci novamente o que planejei escrever esta semana que estou com mais tempo - finalmente! Entende o quis escreve?

Bem, as melhores estão sempre próximas. E elas são sempre poucas. Parece ser uma poderosa lei isso de quanto menor mais intenso mais mais forte mais significativo. Tomo o partido dos grande e solitários. Faço parte daqueles que jamais irão conhecer toda a vida a priori - há os que também não irão, porém é circunstancial essa não ocorrência. Esses da minha linhagem, antes de querer experienciar tudo, irão dizer o que é a vida, e a vida é o que nós dizemos que ela é. Os que têm como contentamento todo e qualquer estado de coisas, só são capazes de se contentarem pois existem nós que lhes dizem que há um estado de coisas que dever ser a fonte de todo contentamento - então, viva-o! Sempre será assim. Isso não é uma superioridade, muito menos algo que console.

Escolhi ficar envolvido por poucas e melhores pessoas. Certamente há menos mediocridade deste lado nosso e cada um de nós vale uma multidão. As chances de se tornar só são grandes, e as chances de se eternizar são maiores ainda.

Espero voltar a escrever com mais frequência. Precisamos disso.

21.6.09

I-Doser

Dizem que isso é droga digital. Maconha, cocaína e putaria podem estar com os dias contados.

Algumas informações:

I-Doser no Wikipédia

Mais parcialidade:

I-Doser no Desiclopédia

13.5.09

9.5.09

Bem, o que dizer?

Sei que devo voltar a escrever a qualquer momento. Adianto que não vou falar dos grandes, claros e olhos que as circunstâncias do último sábado me colocaram de frente. Não vou falar do plano infalível de eliminar Artur Virgílio e Agripino Maia numa tacada só. Não vou falar do CAM. Não vou falar da final da Champions League. Não vou falar da célebre Coronation Anthem nº1 de Handel. Não irei falar da superioridade cultura clássica. Não irei falar das grandes narrativas. Não vou falar das mulheres que neste momento estão me amando e sofrem por não saberem. Não vou falar do gosto pela objetividade unificadora.

Escrevo porque me sinto obrigado. Não é a escrita que me obriga, uma grande bobagem isso. Qualquer coisa que não sofra não pode me obrigar a prestá-lhe contas. O que me obriga é a obra que diariamente tenho que levar à frente.

26.3.09

O Caixa nunca perde a esperança!

Ituiutaba vencendo por 1 x 0.

Mário Henrique Silva: "Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolllllllllllll! Do Galo! Empata no finalzinho na bacia das almas! Eu quero o hino no dia do aniversário! Aos 46 minutos da etapa complementar, pro fundo do barbante, vai no fundo do gol, e empata o jogo Galo. Aos 46 Júnior na bola que o Carlos Alberto toquou para ele. Júnior!, bateu e ainda foi fraquinho no canto direito. Júnior, Júnior, Júnior!. Júnior empata pro galo no finalzinho do jogo!"

Atlético só precisava da vitória para terminar o primeiro turno em primeiro. Mas, aos 46 minutos do segundo tempo outro gol seria um milagre. Para mim não haveria tempo para reparar um jogo inteiro de erros. Pessoalmente, sou um homem de pouca fé. Não me acusem, há muito o galo não corresponde às minhas preçes e da nação. Desesperançado e após o esperado gol que teve 90 amargos minutos para sair, escuto a seguinte frase.

Mário Henrique Silva: "O Caixa nunca perde a esperança!"

Ele, o Caixa, me fez olhar para o radinho encima da minha mesa. Deitei a cabeça sobre o meu livro, que me acompanhou durante o jogo e me ajudava a aliviar a raiva e apreensão que o atlético me fazia, e apenas esperei, de olhos fechados, o término da partida. Esperei o gol impossível.

Mário Henrique Silva: "Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolllllllllllll!
Do galo! Kléberrrrrr, na chegada da grande área, na bacia das almas aos 49 minutos da etapa complementar. Kléberrr pro fundo do barrbante! E o gol do galo encima da hora! É o gol da primeira colocação do campeonato é o gol da primeira colocação do campeonato. Parabéns Clube Atlético Mineiro! Consegue uma vitória do jeito que essa camisa é, do jeito que essa camisa merece!"

Fiquei maluco e agarrei o radinho. Gritei: "Gaaaaalo, Gaaaaalo, Gaaaaalo! Acordei a casa. Minha mãe: "Você ficou maluco?! Que barulhada é essa?! Você vai acordar o povo todo!"

Admito que acreditei na virada, mesmo escaldado pela recente história de jogos decisivos do Atlético. Acreditei junto com o Caixa. Sua frase me fez ver que ainda creio no Galo. Sua frase me fez lembrar que ainda sou um homem de fé.

Galo!, parabéns pelos seus 101 anos de vida!

13.3.09

Rebellion

Levantemos-nos todos!
Rapidamente!
Rebelemos-nos!

Faremos a melhor coisa a fazer!
O plano infalível planejado!
Uma nova vida já esperada!

Há tempo mais que suficiente para acontecer!
Ontem pensei que hoje faria!
Hoje penso que irei finalmente me rebelar!
Amanhã tudo começará!

5.3.09

No trabalho e na guerra

Penso exatamente como escrevo. Se quiserem me conhecer, podem começar por aqui. Vocês chegarão a conclusão que sou uma pessoa tão lírica quanto vulgar. Eu também chegaria a mesma conclusão ao me ler. Eu até poderia me apaixonar por uma mulher que escrevesse assim, como eu. Eu me apaixonaria por uma mulher de escrita noturna e densa e simples. Eu me apaixonaria por uma mulher que estaria a esta hora escrevendo. Aqui, como, quando a noite passar, ela seria? Seria ela assim o tempo todo? Bem, de dia estudo, trabalho, discuto, corro. De dia, todo o lirismo fica escondido, dissimulado, nos passos apressados. De dia, o meu lirismo fica a observar o mundo pelo meu olhar que já conhecem. De dia, meu lirismo sai pela minha boca escondido em cada uma das minha cuidadosas palavras duras, escolhidas como a escrita. Tudo isso sem contar para ninguém. A verdade é que não há lugar para o lirismo cru e a sua vulgaridade no trabalho e na guerra, pois cede-se lugar a tolices que somente são permissíveis à noite. Tudo a essa hora é só palavras escritas. Não se perde o salário ou a vida escrevendo. Nem se perde uma paixão. Não nego o arrependimento de todas as vezes que não direcionei meu desejo de crescer o coração a essa hora noturna e só.

13.2.09

Balanço do início da meia idade ou o que se pode esperar de todos os finais de noite em que se senta para escrever.

Não me aconteceram as melhores coisas. Também não me aconteceram as piores. As melhores coisas são como a verdade: ninguém tem dúvida de que ela está diante de seus olhos. Há as que eu jamais gostaria de reviver e digo que essas são piores coisas. A vida não permitiu nenhuma dessas experiências. Não sei o que repousa nesses limites.

Sorri pouco e sofri menos ainda.

Tenho a chuva em minha casa sem pagar os 10% que não vai para o garçon.

9.2.09

Sour Girl - Stone Temple Pilots

<a href="http://www.joost.com/082023d/t/Stone-Temple-Pilots-Sour-Girl-(Video)">Stone Temple Pilots - Sour Girl (Video)</a>

7.2.09

A beleza e a razão

Arranjar sons sucessivamente e simultaneamente e ao fim ver beleza ordenada por uma vontade e reconhecer que essa vontade ordenou algo reconhecível e reexecutável por inúmeras vontades ao cabo de séculos.

Encontrar em redondilhas o que um povo ousou ser graças a vontade de um homem em legar aos seus iguais essa história triunfante e sempre renascida em cada linha, em cada porção versos.

Traduzir em números e teoremas bem formados a estrutura de tudo o que nos constitui e se junta a nós a cada passo na imensidão estrelada do universo, da terra aos sonhos, é obra do esforço apaixonado de vontades que escolheram a arquitetônica matemática como a forma sublime de expressão. Não usam apenas palavras, e é isso que os diferem dos poetas.

Retratar aos outros pessoas, paisagens, sorrisos, almas, dores, saudades com variadas cores verdes, azuis, vermelhas, e pelas perspectivas múltiplas requer olhar e reconhecimento de que cada ponto no mundo e na imaginação quer ser visto, belo, e permanecer quando não estiver mais onde foi encontrado, que merece seu bocado de eternidade.

29.1.09

Perco um grande amor mais não perco a poesia

Todo dia, toda noitada, toda mesa, toda música, todo filme, toda propaganda na televisão me faz criar frases excelentes. Pena que minha memória me matta de desgosto. Porém e muito porém mesmo, se eu lembrasse de tudo seria ótimo e anormal e inviável. Lembra do cavaleiro de Borges que se lembrava de tudo? Não é isso que preciso. Pois não esquecer o nome das pessoas já seria bom e menos aterrorizante em situações, digamos, dadas ou take for grant. Veja só os seguintes casos possíveis e ocorríveis. No começo, foge da memória apenas o nome das pessoas que não se vê mais. Normal como o gosto de coisas que se acostuma com o gosto. Depois e não lógico e causalmente depois, uma vez ou outra se esquece do nome da própria amada, o que é perdoável. Ora, quem nunca esquece esse tipo de nome – é melhor do que trocar pelo nome de outra. Bem, ela perdoará. Agora, quando diante de um formulário, se espera um instante para preencher o seu próprio nome certamente, lhe digo que você partilhará das mais estranhas sensações deste mundo. Foi o meu caso. Foram apenas dois míseros segundos. Conte! Já passou. Aterrorizante. Como esquecer o próprio nome? Se aconteceu isso, o que não esqueceria? Se te pergunto quem sou eu você pode dizer: “Um homem assim e assado”. E se eu te perguntar quem é assim e assado você pode dizer: “Um homem que tem tais e tais características” e eu: “Como assim?”. Você poderia dizer então: “Você” e eu: “Eu? Mais quem sou?” você poderia dizer então: “Luciano, o que é assim e assado, tem tais e tais características e que é você ”. Por dois segundos fui um amontoado de coisas genéricas, abstratas, inconcluíveis... Foi uma única vez. Nem mesmo quando se fica no espelho do banheiro se olhando fixamente nos próprios olhos até que sua própria imagem se borra e resta apenas os olhos fixos sem dono sem suporte sem história sem saber como chegaram ali, seu nome está lá. Não me esqueço quando criança que eu olhava para as outras pessoas próximas, minha mãe por exemplo, e tentava vê-la como eu via uma pedra, algo ali mexendo para lá e para cá – e dava tão certo que não conseguia manter por muito tempo essa brincadeira –, não conseguia esquecer do nome de minha mãe: “Mãe” – minha mãe tinha e tem outro nome que é “mãe”. Engraçado isso tudo. Acho que isso daria um bom conto, tipo, “O homem sem nome”. Algo assim: “Qual o seu nome?”, “Meu nome é... tome o meu cartão, de brinde o número do meu celular!”

Acabo de lembrar de uma frase excelente mesmo que não saibam do contexto de angustiante despedida que me forçava:

Perco um grande amor, mas não perco a poesia.

23.1.09

Tudo sobre o mundo que você ama

Para este post, tudo sobre o mundo que você ama. Comecemos pela comida. Certamente, seu almoço é a melhor refeição de toda sua vida e você o ama. Aquele abraço ainda te aperta até agora e você o aperta com ainda mais firmeza porque ele é o melhor de todos que já recebeu. Amanhã será o seu aniversário e terá as melhores companhias. É um feliz dia por causa dos que ama. No mundo que você ama as pessoas que quer bem costumam ir, costumam voltar, e permanecem. Amo todo adeus que diz, é a certeza que tenho que irá voltar. Lembrem sempre de que há pessoas que habitam nossas mentes. Não dizemos adeus para pedras. Resumindo, no nosso mundo há somente as coisas que não se vê e as coisas que nos faz desviar. O choro é um desvio, aguardar é um desvio, sentar é um desvio. Não te vejo mais e sempre me desvia. Bem, no mundo que amamos há certezas. Veja os girassóis, são mais ou menos assim, não vêem, mas sentem o calor e se voltam para o sol. O sol está no mundo que eles amam. E se o sol pertence aos campos, está na casa dos girassois. Certa vez disse - force e lembrará - que tudo que você ama nesse mundo quer ter em sua casa. A incerteza e a timidez tomaram-lhe a coragem de dizer o que quer na sua vida. Permita-me: o almoço, o abraço, os comensais, os que te habitam, as coisas que não vê e as pedras estarão em sua casa. Também há os girassóis e o disco do Lô Borges - só o disco. A sua casa é um mundo que ama. Tudo sobre o mundo que você ama foi dito por mim. Para ver como sou limitado dir-lhe-ei o que digo somente depois que me ler e agradecer minhas palavras. Mais tarde quando se deitar no mundo que ama, lembrará disso.

Amanhã farei 28 anos.

notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.