27.2.08
Notas de fim de quarta
Os olhos deitados na rua. Os meus deitados procurando entender o que procura lá fora. A freiada brusca traz os olhos de volta para dentro do ônibus. Os meus, obviamente, senão não haveria relato, acompanham sua cabeça voltando-se para dentro e para o centro do carro, próximo do motorista. O ônibus arranca novamente e os seus olhos novamente fixam-se lá fora. Lá fora é imenso e não pode ser focado. O asfalto é um continuum e não pode ser focado. As árvores podem ser focadas, porém passam muito rapidamente. Eu não consigo acompanhá-las. O foco é outro. Ela talvez olhe para o vidro. Olho para o vidro e me espanto. Olho para a janela ao seu lado e o ângulo não me permite ver se lá há o que quero, o que para mim é a evidência. Não sei que evidência é essa muito menos como pode ser. Olho para o lado novamente e vejo que há alguém do meu lado. Deito meus olhos sobre o reflexo. Viro o rosto para a direita e vejo a pessoa. Ela me diz: "Você deita seus olhos sobre os olhos de outrem e o que vê? Eu. Sempre."
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notas de um dia de cão. esse é o nome do livro. um livro a duas mãos.
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